Barrabás


Barrabás
“Então todos tornaram a clamar dizendo: Este não, mas Barrabás, E Barrabás era ladrão” {João 18:40}

O costume de soltar um prisioneiro no dia da Páscoa tinha, sem dúvida, o propósito de ser um ato de graça da parte das autoridades romanas para com os judeus, e pelos judeus poderia ser aceito como um ato atencioso pelo motivo de sua Páscoa. Posto que nesta data eles mesmos foram tirados da terra do Egito, poderiam considerar que era sumamente conveniente que algum prisioneiro obtivesse sua liberdade.
Todavia, não havia nenhuma provisão para isto na Escritura; não havia sido ordenado por Deus, e sem dúvida, deve ter gerado algum efeito pernicioso para a justiça pública, que a autoridade governante soltasse um criminoso, sem tomar em conta seus crimes ou seu arrependimento: o deixavam em liberdade na sociedade simples e exclusivamente pelo fato de que um certo dia deveria ser celebrado de uma maneira peculiar.
Posto que algum prisioneiro deveria ser solto no dia da Páscoa, Pilatos pensa que agora tem uma oportunidade de permitir que o Salvador escape sem necessidade de comprometer em absoluto sua reputação diante das autoridades de Roma. Pilatos pergunta ao povo a qual dos dois prefere dar a sua liberdade, a um notório ladrão que se encontrava até então sob custódia, ou ao Salvador.
É provável que Barrabás fosse detestável para a multidão até esse momento; e contudo, apesar de sua anterior antipatia, a turba, instigada pelos sacerdotes, esquece todas as suas culpas, e prefere a ele em lugar do Salvador.
Não podemos saber exatamente quem era Barrabás. Seu nome, como o entenderão em um momento, ainda que não tenham o menor conhecimento do hebraico, significa: ―filho de pai‖. ―Bar‖ significa ―filho‖, como quando Pedro é chamado Simão Barjonas, filho de Jonas; e a outra parte de seu nome: ―Abbas‖, que significa ―pai‖. ―Abbas‖ é a palavra que nós usamos em nossas aspirações de filhos: ―Abba, Pai!‖.
Então, Barrabás é o ―filho de seu pai‖; e algumas pessoas propensas ao “misticismo” opinam que há aqui uma imputação de que era particular e especialmente um filho de Satanás. Outros conjecturam que é um nome de carinho, que lhe foi dado porque era o preferido de seu pai, uma criança mimada; o filho do papai, como costumamos dizer; e estes escritores agregam que as crianças mimadas muitas vezes se tornam imitadoras de Barrabás, e são as pessoas mais propensas a tornarem-se daninhas para o seu país, e se convertem em aflições para seus pais, e maldições para todos os que as rodeiam. Se assim fosse, tomando este caso em conexão com o caso de Absalão, e especialmente o dos filhos de Elí, é uma advertência para os pais para que não errem esbanjando uma excessiva clemência a seus filhos.
Nos parece que Barrabás cometeu pelo menos três crimes: foi encarcerado por homicídio, por sedição e por rebelião, que constituíam certamente uma lamentável combinação de ofensas; facilmente poderíamos sentir piedade pelo progenitor de tal filho.
Este infeliz é apresentado e é posto a competir contra Cristo. Se apela à turba. Pilatos crê que por causa do sentido de vergonha, realmente seria impossível que preferissem a Barrabás; mas eles estão tão sedentos de sangue contra o Salvador, e estão tão influenciados pelos sacerdotes que, em uníssono – não parecia que houvesse nem uma só voz que se opusesse, nem uma mão que se alçasse em contra – com uma surpreendente unanimidade de maldade, eles gritam: ―Não a este, senão a Barrabás‖, ainda que soubessem – pois ele era um notável ofensor bem conhecido – que Barrabás era um assassino, um canalha e um traidor.
Este fato é muito significativo. Há mais ensinamento nele do que à simples vista poderíamos imaginar. Não temos aqui, antes de mais nada, neste ato de liberar ao pecador e de condenar ao inocente, uma espécie de tipo dessa grandiosa obra que é realizada pela morte do nosso Salvador? Nós poderíamos de forma muito justa pararmos ao lado de Barrabás. Temos roubado de Deus a Sua glória; temos agido como sediciosos traidores contra o governo do céu: se todo aquele que aborrece a seu irmão é homicida, nós também somos culpáveis desse pecado. Aqui estamos diante do tribunal; o Príncipe da Vida está atado por nossa causa e não se nos permite que saiamos livres. Deus nos liberta e nos absolve, enquanto o Salvador, sem mancha nem
pecado, nem sequer com uma sombra de uma falta, é conduzido à crucificação.

PROJETO : Charles Spurgeon

Reeditado e Reepostado por: Evaristo Xavier – servo do Deus altissimo

Categorias Palavra, entendimento, e profundidade na palavras de Deus.

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